Serpentes Brasileiras

A visão das serpentes

Olho de serpente

A visão das cobras depende muito da espécie de cobras que estamos falando, porque o ambiente em que uma cobra vive pode influenciar diretamente na visão e na própria anatomia das serpentes.

Mas algumas características não variam. Por exemplo, nenhuma serpente tem pálpebras. Então, obviamente, nenhuma cobra pisca. Se você vir um animal comprido, sem patas e piscando, provavelmente se trata de um lagarto. Bem, provável que seja uma cobra de vidro, que, claro, não é uma cobra. A cobra de vidro é um lagarto que tem esse nome por causa do brilho no corpo e porque quando é capturada pela cauda, para pode fugir, ela quebra a cauda, deixando-a com o predador e assim podendo fugir. Ah! Essa cauda depois vai regenerar e o lagarto voltará em ter sua cauda inteira muito em breve.

Então, ao invés de pupila, as cobra tem uma escama cobrindo o olho e que serve para a proteção. Imagine como se fosse uma “lente de contato” que cobre totalmente o olho. Quando a cobra troca de pele, essa escama sai junto com a pele, sendo renovada também.

 

O FORMATO DA PUPILA

O formato da pupila varia de acordo com os hábitos da cobra. Pupilas redondas são característica de cobras diurnas, ou seja, que são mais ativas durante o dia. Já pupilas elípticas (ou em fenda) são típicas de cobras que são mais ativas à noite, como a Cobra Olho de Gato (Leptodeira annulata)

A maioria das cobras tem olhos posicionados nas laterais da cabeça, com sobreposição na visão de cada olho na frente do focinho.

Algumas espécies que vivem no deserto e ficam enterradas na areia, como a víbora do Namibe (Bitis peringueyi) ou a Boa do deserto (Eryx jayakari), têm os olhos posicionados mais dorsalmente. Isso permite que elas possam manter a cabeça escondida como proteção, mas ainda assim possam observar presas ou predadores ao redor.

Algumas espécies de água doce, por exemplo, as sucuris (Eunectes murinus) ou a cobra dágua (Helicops carinicaudus) também possuem olhos mais posicionados dorsalmente. Assim mesmo com o corpo praticamente todo dentro d´água, elas podem colocar apenas o alto da cabeça de fora e conseguir enxergar.

 

AS COBRAS ENXERGAM BEM?

Existe um conceito popular que cobras são praticamente cegas, mas os cientistas tem descoberto que talvez isso não seja verdade para todas as espécies. Realmente se pensava que as cobras, de um modo geral, tinham visão ruim e não podiam ver em cores, mas ambas as suposições já são atualmente consideradas falsas.

O olho de uma serpente, assim como os demais vertebrados, contém na sua retina dois tipos principais de células visuais: os bastonetes que são utilizados para visão noturna e os cones que servem para acuidade visual e para visão de cores.

As cobras são muito atentas ao movimento, embora não tenham uma visão tão boa no que se refere as formas.

 

O ENCANTADOR DE NAJAS

Uma cobra está sempre alerta ao movimento. Você pode ter um exemplo disso com os “encantadores” de serpentes. O truque do tal “encantador” é conseguir prender a atenção das Najas realizado movimentos leves do corpo e da flauta durante sua exibição. Ah, e claro que as cobras não conseguem ouvir a música.  Então, se o “encantador” parar de se mover, a Naja não mais o perceberá e ele ficará “invisível” para ela, encerrando o “número artístico” de forma repentina e evidenciado que ela não estava de fato encantada. Então, para que isso não ocorra, o “encantador”, nunca pára de fazer os movimentos, mantendo a cobra entretida até o final do número.

Também é falso que as cobras não podem ver cor. É muito provável que algumas cobras diurnas tenham visão dicromática ou mesmo tricromática, assim como nós, humanos.

As cobras com provavelmente a maior acuidade visual são as arborícolas, como por exemplo, a Leptophis ahaetulla e outras mais.  Muitas cobras diurnas caçam lagartos camuflados na vegetação e dependem para isso muito da visão.

A retina de algumas cobras tem uma região densamente sensível chamada de “fovea centralis”, possuindo pupilas horizontais e focinho alongado com sulcos o que possibilitará a ela perceber o menor movimento do lagarto que será sua presa.

Mas outras cobras, principalmente as que tem hábitos fossoriais, como as cobras-cegas da família Typhlopidae e as corais verdadeiras (Micrurus) possui uma visão bem limitada. Muitas cobras fossoriais possuem olhos rudimentares com células fotossensíveis sob as escamas translúcidas da cabeça.

Ainda não está claro para os pesquisadores se elas podem ver formas ou movimentos, estando acostumados a uma existência subterrânea, mas de qualquer forma esses olhos podem alertar, por exemplo, que a cobra foi descoberta por um predador e fazê-la fugir,  cavando rapidamente e se escondendo para a segurança.